quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Fantástico Como um Grão de Mostarda


"Com o reino de Deus acontece o mesmo que acontece com um grão de mostarda. É menor que qualquer semente que se semeia na terra; mas, uma vez semeada, cresce e se torna maior que todos os arbustos e deita ramos tão grandes que os pássaros do céu aninham-se à sua sombra."

Jesus poderia ter falado de uma figueira, uma palmeira ou uma vinha, como tradicionalmente os rabis faziam. Mas ele não era como os rabis de sua época.

A linguagem de Jesus é desconcertante e sem precedentes. As pessoas esperavam a vinda de Deus como algo grande e poderoso. Naquela época, os esperançosos recordavam de maneira singular do profeta Ezequiel, que falava de um "cedro magnífico" plantado por Deus em "uma montanha elevada e excelsa", que "lançaria ramagem e produziria fruto", servindo de abrigo a todo tipo de pássaros e aves do céu.

No entanto, de maneira surpreendente, Jesus escolhe a semente de mostarda, a menor semente conhecida até então (e a menor até hoje, ao menos no campo proverbial): um grão do tamanho de uma cabeça de alfinete, que com o tempo se transforma num arbusto de três ou quatro metros, no qual, por volta de abril, se abrigam pequenos bando de pintassilgos, que gostavam muito de comer seus grãos. Esta era uma cena que todo camponês na palestina podia contemplar ao entardecer.

Geralmente os evangelistas destacam a pequenez da semente em contraste com a altura da planta. Esta é uma boa comparação. Porém, se observarmos com atenção o texto, veremos que Jesus falava de algo mais profundo.

Para aquelas pessoas, a ação de Deus era como o cedro, que faz pensar em algo imponente, grandioso, poderoso. E esta é a grande metáfora: a semente de mostarda sugere algo fraco, insignificante, pequeno.

Nós, assim como os primeiros ouvintes de Jesus, esperamos algo fantástico e grandioso de Deus em nossas vidas. Queremos milagres e revelações hollywoodianas, pensamos que provisões e curas dignas de um filme são a verdadeira ação de Deus em nossas vidas, e prova de que estamos "bem conceituados" com Ele, sendo aprovados.

Essa postura, ao contrário do que pensamos sumariamente, é quase uma heresia. Primeiro porque NADA do que possamos fazer nos fará mais ou menos merecedores da graça salvadora de Jesus. Depois que, qualquer experiência sobrenatural que você possa vir a ter, não é privilégio seu. Somos todos igualmente pecadores e indignos da presença de Deus, lembra? Sendo assim, Deus proporciona grandes experiências espirituais a qualquer que o buscar, como diz o profeta Jeremias. E ainda, o extraordinário, o cedro, até acontece; temos relatos bíblicos e dois mil anos de biografias para comprovar. Mas o verdadeiro milagre é o grão de mostarda, o imperceptível.

A ação salvadora de Deus se deu de forma deveras humilde, através de Jesus. Hoje não é diferente: um dia de sol inesperado na vida de quem trabalha com obra, um dia chuvoso repentino na vida de um agricultor. Um trânsito inesperadamente bom no dia de quem vai passar horas dirigindo entre bairros na sua cidade, uma desistência de última hora num consultório médico em que você, que está sentindo-se mal ha dois dias, pode ser encaixado e atendido.

Quero encorajar você a ver a verdadeira ação de Deus, o grão de mostarda em sua vida. E quando o fizer, agradeça a Ele por algo tão simples mas ao mesmo tempo tão fantástico.

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