sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Uma dose de bom-senso


Existe uma linha de posicionamento cristão que defende a ruptura na comunicação entre a igreja (o corpo de Cristo, a parcela evangélica da sociedade) e governo. Ora, o evangelho não é somente "creia em Jesus, seja perdoado de seus pecados, cresça espiritualmente e vá morar no céu". Claro que este é o cerne do evangelho e sua mensagem fundamental, mas o evangelho é a boa-nova de Deus a respeito da vida como um todo!

Mateus 28:19-20 reproduz as palavras de Jesus "Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações ... ensinando-lhes a obedecer todas as coisas que vos ordenei". Ora, de qual parte da bíblia, então, devemos deixar de pregar? Rm 13:1-7? 1Pe 2:13-14? Gn 9:5-6? Is capítulos 13 e 23? Amós capítulos 1 e 2? E Daniel influenciando o governo da Babilônia?

Jesus e seus apóstolos (ao nos escreverem) se apoiam frequentemente no Antigo Testamento, ratificando a autoridade de Deus antes revelada, e deixando claro que "ensinando-lhes todas as coisas que vos ordenei" significa ensinar fielmente toda a bíblia.

Ora, evangelizar é sim parte da missão do cristão e da boa nova, mas lembrando que Deus instituiu todos os governos sobre a terra, que Paulo nos ensina a orarmos pelas autoridades, devemos sim, enquanto comunidade cristã, oferecer influência sobre o governo, para que este possa refrear o mal que se estabelece nos países. Ou alguém acha um bom governo o da Arábia Saudita que proíbe a pregação do evangelho e persegue cristãos?

Por certo estamos na terra para glorificar a Deus, e o fazemos seguindo seus conselhos, como "amarás ao teu próximo como a ti mesmo". Amar ao meu próximo pode ser entendido como proteger a ele e sua família (pais, irmãos e filhos) de um motorista alcoolizado. E isso só pode ser feito através de medidas governamentais. As autoridades foram ordenadas por Ele, e devem ser motivo de temor para os que praticam o mal, não para os que praticam o bem (Rm 13:1-3).

O governo é enviado para punir estes indivíduos, cumprindo assim seu papel de preservar o bem material das pessoas. Isso mesmo, material! Jesus curava as pessoas, deixando claro que se preocupava com seu bem-estar material, proporcionando-lhes condições agradáveis de sobrevivência. Isso não tem nada a ver com a questão do materialismo, mas sim de que se o resumo de tudo fosse a conversão, assim que aceitasse a Jesus você morreria e iria para a presença de Deus. No entanto, não é assim.

Por que você aceita o evangelho, se santifica e continua vivo? Sim, para propagar o evangelho, mas também para mudar a vida de todos os que estão ao seu redor. Uma vez que você aceita a Jesus, espera-se que transforme sua família, seu bairro, sua cidade... Diante disso, será que as igrejas devem ensinar seus membros a fazer boas obras em hospitais, em comunidades carentes, em escolas, mas não no governo?

Só podemos chegar a uma conclusão: "Amarás ao teu próximo como a ti mesmo" significa que devo buscar o bem-estar do meu próximo em todos os aspectos da sociedade, e isso inclui empenhar-me para que haja bons governos e boas leis.

Nenhum comentário:

Postar um comentário