segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

O Faraó do Êxodo

O Egito antigo tem algumas respostas (ou pistas) para partes da Bíblia que não são 100% claras a nós, que vivemos em outra época, em um mundo completamente diferente, com parâmetros e realidades bem distintas. Isso porque o Egito era uma civilização contemporânea de Israel a diferença que, uma parte de sua história ainda é clara devido aos relatos nas paredes bem conservadas dos inúmeros templos espalhados a margem do nilo.

A história do povo de Deus "esbarra" com a do povo egípcio por mais de uma vez. Abraão tem uma breve passagem pelo Egito; José faz história no Egito, e é justamente nele que se começa a entender o êxodo historicamente e imaginar quem foram os antagonistas, os personagens do lado egípcio. Conhecer duas fontes diferentes da mesma informação consolida nosso conhecimento. Por isso, direciono a partir de agora, as atenções para o lado egípcio.

No antigo Egito acreditava-se que todas as pessoas tinham sonhos proféticos. Existia um livro dos sonhos para interpreta-los. Se você fosse um egípcio e tivesse um sonho e quisesse que fosse interpretado, deveria ir a um templo aonde um sacerdote iria buscar nos arquivos de papiro a interpretação correta. Se você sonhasse que era um pigmeu por exemplo, era sinal de que metade da sua vida já tinha passado. Mas os sonhos do Faraó da história de José não estavam no livro dos sonhos, por isso seus sacerdotes não podiam interpreta-lo. José no entanto podia interpretar os sonhos q não estavam no livro dos sonhos. A Bíblia diz que ao interpretar o sonho do Faraó José se tornou o segundo homem mais poderoso do Egito, respondendo apenas ao Faraó. Este era um cargo de confiança que realmente existia e a palavra egípcia para tal que mais se assemelha ao português seria vizir real, e é bem lógico que o Faraó tenha dado esse cargo a José afinal, seus sonhos o atormentavam e ninguém conseguia lhe dizer o significado até então. Isso quer dizer que quem quer que tenha escrito a história de José e dos patriarcas tinha grande conhecimento sobre o Egito. Some-se isso ao fato de que na ilha de Sarrel (localizada no sul do Egito - uma ilha cheia de inscrições em pedras) há um registro de uma fome de 7 anos (não é registrado a época, mas me parece improvável que outra fome com os mesmos 7 anos tenha ocorrido no Egito antigo) e fica comprovada não só a veracidade da história de José como os muitos anos que os Israelitas viveram no Egito.

José, Jacó e seus familiares estabeleceram-se no Gósen (mais conhecido como Delta) e por lá os israelitas das gerações seguintes viveram. A Bíblia e os registros egípcios são unanimes em dizer que aquela era uma área praticamente virgem do Egito. Porém, depois de algumas trocas de dinastias, uma nova dinastia ascendeu ao trono, uma dinastia conquistadora, de reis militares. Ramsés II (terceiro rei desta dinastia) decidiu mudar a capital de Menfis para uma cidade nova, batizada de Ramésses e por ser uma área isolada do resto do Egito precisava de uma cidade-armazém para suprir todas as necessidades da realeza. Essa seria a cidade de Pitom. Ramsés era de uma família de Generais, ele foi protagonista da maior batalha que um Faraó já ganhou, quando ainda era jovem (Batalha de Kadesh contra os Hititas). Foi um motivo militar que o levou a mudar a capital de lugar: Das cidades de Ramésses e Pitom ele podia lançar ataques diretos tanto para oeste quanto para leste estando protegido ao norte pelo mar e ao sul pelo próprio nilo. Acontece que na área supostamente inabitada e militarmente estratégica haviam mais de 600 mil estrangeiros. É um bom motivo para não ser simpático aos israelitas.

Outra evidência que aponta Ramsés II como o Faraó sem nome do êxodo é uma de suas primeiras construções quando ascendeu ao trono, o templo de Abu Simbel. Na verdade foram construídos 2 templos irmãos, sendo o segundo em homenagem a primeira esposa do Rei: Nefertari. Este templo levou aproximadamente 20 anos para ser concluído, e é nesta obra que surge a pista. No segundo templo Ramsés escreve orgulhosamente o nome de todos os seus filhos na entrada. Amon-Rekeptchef, seu primogênito, é o primeiro da fileira de filhos. No entanto, ao lado de seu nome há 2 hieroglifos enormes que significam "MORTO". Ou seja, ele estava vivo quando a construção começou e havia morrido antes de seu término. O que levanta a possibilidade dele ter sido morto na décima praga.

Há uma única menção a Israel em toda a história do Egito. É um registro feito pelo sucessor de Ramsés, Menephtá (seu décimo terceiro filho), em uma Estela conhecida como "Estela de Israel". Uma Estela era uma placa de pedra enorme colocada na entrada dos templos, uma espécie de quadro de avisos se comparada aos nossos tempos modernos. Nesta Estela Menephtá escreve se gabando de suas incursões militares. Ele menciona alguns povos: "Canaã esta acabada, os hititas não mais são uma ameaça..." por fim ele menciona Israel. Ele diz a respeito de Israel: "Israel está acabada, sua semente não existe mais, sua chama se apagou". A linguagem escrita dos antigos era pragmática e fascinante. Todas as nações citadas pelo Faraó terminam em hieroglifo de 3 pedras que na verdade representam montanhas, este é o símbolo do país estrangeiro. Porém, a menção a Israel termina em hieroglifo de pessoas, um homem e uma mulher. Ora, se Ramsés foi mesmo o Faraó do êxodo, então o hieroglifo de Israel na Estela de Menephta não poderia mesmo terminar em 3 pedras. Na ocasião das expedições militares de Menephta o povo de Deus estava no deserto vagando e ainda não tinha se estabelecido como nação.

Ramsés II foi o maior Faraó que o Egito teve. Governou no ápice da civilização egípcia, teve o reinado mais longo de um rei: 67 anos (em uma época que a idade média era de 30 anos), muitos egípcios nasceram e morreram sob seu governo (consolidando a imagem de deus encarnado na cabeça de todos que nasceram sob seu reinado), construiu um templo enorme exclusivo para seu funeral, sua tumba real tem + de 5 mil metros enquanto que a segunda maior tem apenas 800m. Estipula-se que em sua câmara mortuária (que também é a maior do vale dos reis) teria o maior tesouro reunido na história do mundo, antes de ser saqueada. As inscrições dizem que quando Ramsés II morreu o Egito chorou. Nos anos 70, quando a múmia de Ramsés chegou ao aeroporto de Paris, foi recebida com todas as honrarias de um chefe de estado (3.300 anos depois de sua morte!!!). Ora, O Egito (assim como a maioria dos outros povos contemporâneos) era um pais cuja religião tinha enorme influência sobre o Estado. Os Faraós eram deuses encarnados, cada Faraó que ascendia ao trono era uma espécie de Jesus Cristo na cultura do egípcia, e todo o oriente médio compartilhava com o Egito a visão de Faraó-deus.

Ser visto como deus encarnado era (e é) algo extremamente agradável de se aceitar. Quando Alexandre o Grande dominou o Egito 1.000 anos após Ramsés II, ele consultou os oráculos egípcios para saber se já era digno do posto de deus em terra soberano do Egito. Sendo um Faraó, ele seria visto como deus por todo o mundo conhecido. Então os gregos passaram a dominar o Egito como Ptolomeus e o fizeram do próprio Egito assumindo o posto de Faraós-deuses. Antes deles os núbios e os assírios já haviam "incorporado" a religião egípcia para enaltecer os próprios egos e se sentirem um pouquinho Faraós como Ramsés; e por fim os romanos que foram o primeiro povo a dominar o Egito e não governar de lá, mas em compensação acabaram com sua democracia instituindo Imperadores soberanos, numa tentativa de em pequena escala serem tão grandes quanto os Faraós.

Eis a importância de descobrirmos quem foi o Faraó do êxodo. Diante de toda este fascínio e veneração de todo o mundo em quase todas as épocas pelos Faraós, o nosso Senhor e verdadeiro Deus escolheu a dedo o mais poderoso deles deste que foi o mais longo e maior império que o mundo já viu (durou cerca de 3.300 anos), justamente em seu apogeu para mostrar a humanidade que somente Ele é Deus.

Ramsés foi o maior dos Faraós e, sem dúvida o homem mais poderoso da terra em todos os tempos. Ainda assim, sua fragilidade diante de Deus não foi menor que a do mais simples e pobre homem que já passou por este mundo.

2 comentários:

  1. Nossa, Pedro! Não sabia de nada disso! Muito legal conhecer esta parte da História!!! Parabéns!

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  2. A história nos engrandece em conhecimento e nos permite entender melhor quem é Deus. Amo história!

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