Ser um religioso dedicado não elimina no homem sua predisposição ao sofrimento. As dores da alma são algo que se aproxima de todos: jovens e idosos, homens e mulheres, crentes e incrédulos. Pessoas sofrem. Religiosos sofrem. Não religiosos, também.
Se Deus é infalível, superior e tudo pode, então por que permite o sofrimento?
As escrituras sagradas nos ensinam a viver e compartilhar amor, paz, tolerância e esperança, mas também nos trazem fatos que registram o sofrimento vivido por homens piedosos, obedientes e amigos de Deus. Daniel, Jó, Davi, Pedro, Paulo, Moisés, Ester, Noemi, Maria e mesmo Jesus!... em algum momento sofreram. Acaso o sofrimento desses homens e mulheres dá pistas de algo falível no caráter de Deus? Certamente, não.
Engana-se quem associa religião, hábitos de ida à igreja, leitura da Bíblia, orações e/ou boas ações como um tipo de passaporte para a vida leve e sem sofrimento neste mundo. Associar religião à falta de tristezas é um caminho enganoso, que mais cedo ou mais tarde, vai se provar falso. Foi Jesus quem nos advertiu que teríamos aflições no mundo (João 16.33). Por que então insistir que a prática religiosa reduz as chances do sofrimento?
Deus não se relaciona conosco através da religião, mas pelas situações da vida que potencialmente nos aproximam de seu amor e nos ensinam a depender dele. Jesus não ofereceu ao homem uma religião, pelo contrário, convidou todos a romperem com as práticas que valorizavam mais os processos que as pessoas; mais os processos que a adoração sincera.
Com seu exemplo, Jesus nos ensinou a transformar sofrimento em vida. A vida de Jesus abençoa a nossa, e em ciclo virtuoso, nossa vida pode abençoar a de nosso próximo. Isso é fantástico! E como isso acontece na prática? É a religião? É a caridade? É o amor?
É a intimidade com os ensinamentos de Cristo que pode transformar nossa capacidade de amar (e de permitir ser amado) em meio à dor.
Agir como o Mestre nos ensinou é praticar o amor, que em última análise é o melhor unguento para o sofrimento.
Pedro Madsen & Jaci Madsen