segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Jesus e o Sábado


Muitos de nós sabemos que um dos mandamentos era guardar o dia de sábado. Mas a verdade é que não temos ideia de como esse "mecanismo" funcionava na sociedade judaica, e tampouco seus motivos e significados. Para uma leitura sadia de qualquer trecho da bíblia, é imprescindível atenção ao contexto histórico dos fatos para, no mínimo, nos ambientarmos a situação narrada e nos situarmos.

O Shabbat, como é chamado em seu idioma de origem (hebraico), era o dia em que as cidades judias se transformavam. Ninguém madrugava. Os homens não saíam para o campo e as mulheres não assavam o pão. O sábado era um dia de descanso para a família inteira. A verdade é que, em aldeias de camponeses pobres que nada faziam além de subsistir, todos o aguardavam com alegria. Para aquelas pessoas era uma verdadeira festa que transcorria em torno ao lar e tinha seu momento mais prazeroso na refeição familiar, que sempre era melhor e mais abundante do que durante o resto da semana.

Os povos pagãos, que desconheciam o descanso semanal, ficavam surpresos com esta festa que os judeus observavam como sinal de sua eleição. Profanar o sábado era desprezar a eleição e a aliança.

O descanso absoluto de todos, o encontro tranquilo com familiares e vizinhos e a reunião na sinagoga permitiam a todo o povo viver uma experiência renovadora. O sábado era um dia de descanso total. Não só se deixava o trabalho, evitava-se, além disso, todo esforço (não se podia transportar cargas e só se podia andar pouco mais de um quilômetro). O sábado era vivido como uma "pausa para respirar" querida por Deus, pois ele próprio, depois de criar os céus e a terra, "descansou e parou para respirar no sétimo dia".

Sem precisar seguir o penoso ritmo de trabalho diário, nesse dia os judeus sentiam-se mais livres e podiam lembrar que Deus os havia tirado da escravidão para desfrutarem uma terra própria. As pessoas do campo (como a Nazaré de Jesus) certamente não estavam a par das discussões que os escribas mantinham a respeito dos trabalhos proibidos no sábado, tampouco sabiam do rigorismo com que os essênios observam o descanso semanal. Talvez sequer soubessem da existência de partidos como os essênios e os saduceus. Para essas pessoas, o sábado era uma "benção de Deus". Tão somente um pouco de alívio em meio a uma vida sofrida. Jesus sabia disso muito bem. Quando lhe criticaram a liberdade com que curava os enfermos no sábado, defendeu-se com uma frase lapidar: "O sábado foi feito por amor ao homem e não o homem por amor ao sábado (Marcos 2:27). Que dia melhor que o sábado para libertar as pessoas de seus acharques e enfermidades?

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