Grupos cristãos, das mais diversas vertentes e denominações geralmente estão familiarizados com a existência de festas judaicas nos tempos antigos, mas costumam ser alheios a seus motivos e significados. Pensando nisso, elaborei um resumo com as principais festas judaicas celebradas no tempo de Jesus, para apreciação do leitor.
É importante termos em mente que as festas eram estimadas por todos, e sempre muito aguardadas. A vida na palestina naquela época não era fácil, especialmente em zonas rurais como a Nazaré em que Jesus viveu. A labuta diária do povo era, literalmente, pela sobrevivência (isso é mais tarde explorado por Jesus na oração do Pai Nosso "dai-nos o pão de cada dia"). Quando se aproximava uma festividade, era motivo de grande alegria.
As bodas, ou o casamento, eram uma das festas mais aguardadas pelo clã familiar. Obviamente não havia data em que pessoas necessariamente deveriam casar, mas quando isso acontecia, havia grande júbilo. Alguns exegetas defendem que esta era "a melhor de todas as festas" e, cá entre nós, não é difícil imaginar o porque: As grandes festas eram realizadas no templo de Jerusalém, e nem todos tinham condições financeiras para a peregrinação e oferendas; em contrapartida, o casamento - que era uma festa longa e que durava muitos dias - era realizado no patio interno* das casas onde familiares e amigos acompanhavam os noivos comendo e bebendo com eles, dançando danças de casamento e entoando canções de amor.
*as casas costumavam ter apenas um cômodo onde todos dormiam - inclusive os animais - e sua entrada era através de uma área comum compartilhada com outras duas ou três residências. Semelhante ao que conhecemos hoje por vila. Neste pátio homens e mulheres partilhavam ferramentas para o campo e muitas outras atividades e materiais que possibilitavam reduzir o custo de vida.
Das demais festas religiosas, não há evidências arqueológicas concretas a respeito de como eram celebradas por aqueles que não podiam fazer a romaria à Jerusalém. O outono era um tempo especialmente festivo. Em setembro celebrava-se a Rosh ha-shaná (festa do ano novo). Dez dias mais tarde, era comemorado o Yom Kippur (dia da expiação), uma celebração que transcorria principalmente no interior do templo, onde se ofereciam sacrifícios especiais pelo perdão dos pecados do povo. Seis dias mais tarde celebrava-se uma festa muito mais alegre e popular, chamada Sukkot (festa das tendas). Esta festa tinha duração de sete dias. Especula-se que, originalmente, esta era uma festa de vindima que se celebrava no campo, em pequenas choupanas instaladas entre os vinhedos. Durante a festa, esperada ansiosamente pelas crianças, as famílias viviam fora de casa em cabanas, que lhes recordavam as tendas do deserto onde seus antepassados haviam habitado quando Deus os tirou do Egito, através da liderança de Moisés.
Na primavera celebrava-se a Pesach (grande festa da Páscoa), que atraía milhares de peregrinos judeus procedentes do mundo inteiro. Na véspera do primeiro dia, o cordeiro pascal era degolado e, ao anoitecer, cada família se reunia para celebrar uma comovente ceia que comemorava a libertação do povo israelita (judeu) da escravidão no Egito. A festa durava sete dias, e tinha um astral especialmente alegre, que gerava sentimento de orgulho por pertencer ao povo eleito, e também esperança de recuperar a liberdade perdida sob o jugo do imperador romano. Finalmente, cinquenta dias depois, já próximo do verão, celebrava-se a festa de pentecostes, ou festa da colheita que, no tempo de Jesus, estava associada à recordação da Aliança e do recebimento da lei no Sinai.
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