segunda-feira, 21 de setembro de 2015

O Reino de Deus


Ao observar a vida que Jesus levou durante seu ministério terreno, pode-se notar um recado implícito em seu estilo de vida. Uma mensagem a nós, que muitas vezes direcionamos nossa fé para o subjetivo, e deixamos de viver o reino de Deus aqui na terra.

Ao retornar do deserto (onde preparou-se para seu ministério) Jesus não buscou um "trabalho" para sobreviver. Em momento algum possuiu uma casa. Ele não precisava responder a nenhum arrecadador de impostos; não leva consigo moeda alguma com a imagem de César. A forma livre como viveu sua vida é o exemplo que queria nos passar sobre o reino de Deus. Jesus abandonou a "segurança" do sistema para "entrar" no reino de Deus. Mas que reino é esse?

Esse é um reino de pessoas altruístas que levam ao necessitado, seja aonde for, um pouco de alívio através de atitudes amorosas. A vida itinerante de Jesus a serviço dos pobres deixa claro que o reino de Deus não tem um centro de poder a partir do qual deve ser controlado. Não é como o Império, governado por Tibério César a partir de Roma, nem como a tetrarquia da Galileia, regida por Herodes Antipas a partir de Tiberíades, nem como a religião judaica, vigiada a partir do templo de Jerusalém pelas elites sacerdotais corruptas. O reino de Deus vai se gestando ali onde ocorrem coisas boas para os pobres e oprimidos. Este é o reino.

Jesus cura doentes, expulsa demônios, aceita prostitutas e todo tipo de pessoas socialmente excluídas em seu grupo. Apesar disso, ele não cria uma comunidade moral (conceito sociológico de um grupo de pessoas que não vive segundo as regras e normas sociais, mas seguem suas próprias leis), ele trás essas pessoas rejeitadas pela sociedade e sem esperança de volta a vida, ensinando-as que é possível viver de acordo com valores ético e morais, e as estimula a isso.

Jesus exemplifica através de si mesmo que o reino começa agora. Ao contrário do que muitos de nós pensamos, não precisamos morrer para este mundo para então, enfim desfrutar de paz, descanso e amor. Quem já se pegou pensando em como perfeito será o céu? A perfeição do céu será a medida que cada um de nós buscar essa perfeição aqui na terra. Não a perfeição egoísta, mas a altruísta, tipificada por Jesus.

Jesus desenvolveu seu ministério quase que exclusivamente no meio dos pobres. Mas ele não fez isso por que eles eram pobres. Pobreza é um conceito relativo. Acontece que no tempo de Jesus, os pobres na palestina eram oprimidos, explorados de forma desumana, enquanto a elite era a classe exploradora. Hoje, em nossas vidas no mundo pós-moderno, existe todo tipo de opressão, em todas as classes sociais e em todos os campos da vida humana. O recado de Jesus é simples: Seja luz nas trevas. Nós, enquanto filhos adotivos e servos de Deus, devemos compartilhar a luz que nos fora revelada, com o mundo. Mas não trata-se só da salvação da alma na eternidade, se trata do aqui e agora.

Portanto, compartilhe sim, mas não pense que ações sociais em comunidades carentes são tudo o que Jesus espera. Muitas vezes um vizinho, um colega de trabalho, um companheiro de lazer está mais oprimido que muito morador de favela. Mas, por ele não ser pobre, nossa insensibilidade nos faz enxergar com lentes míopes e achar que ele não tem problemas tão sérios assim e, mesmo se tiver, é adulto e auto-suficiente. Engano nosso. Na maioria das vezes Deus permitiu que nosso caminho cruzasse com o dessa pessoa justamente para que possamos levar o reino para a vida dela. Mas nós simplesmente não fazemos isso.

No mundo teremos aflições, nos afirmou Jesus. Isso é uma constante. Há alguém que não tenha problemas? Não. Portanto, não devemos usar nossos "vales" como desculpa para sermos egoístas. O reino de Deus depende de nós, de nossas ações exclusivamente para com os outros. Também não é difícil nos pegarmos dizendo a nós mesmos que "temos problemas demais" ou "estamos em um momento complicado demais" para poder levar o reino, através de atitudes, para terceiros. Esquecemos que nossos problemas são como gotas no oceano, se comparado aos de alguém que está "fora" do reino e não tem a segurança de saber que Deus cuida dele.

Faço um convite a você: Vamos fazer coisas boas para o mundo e as pessoas, e viver o reino de Deus?

terça-feira, 15 de setembro de 2015

O Deserto em Nossa Vida


Para os judeus, o deserto evoca o lugar em que nasceu seu povo. É também o local onde é preciso voltar em épocas de crise. No deserto não chegam ordens de Roma, não se ouve o bulício do templo, não há mestres da lei discursando. É o lugar perfeito para quem busca. No silêncio e na solidão, pode-se ouvir a Deus.

De acordo com o profeta Isaías, o deserto é o melhor lugar para "abrir caminho" para Deus e deixa-lo entra no coração (Is 40:3). Não foi atoa que Jesus foi para o deserto antes de começar seu ministério. Deixou seu trabalho de artesão, abandonou a família e se afastou de Nazaré. Não se aproximou de nenhum mestre para estudar a torá e/ou as tradições judaicas, não foi para as margens do mar morto tentar ser admitido na ordem dos monges de Qunram, tampouco dirigiu-se a Jerusalém para conhecer de perto o templo, o lugar santo, onde se ofereciam sacrifícios ao Deus todo poderoso. Ele simplesmente foi para o deserto.

Jesus não foi ao deserto procurando uma experiência mais intensa com Deus nem satisfação de sua sede interior. Jesus não é um místico em busca de harmonia pessoal. Ele buscou Deus como força de salvação para o povo. Ele buscou Deus por conta dos males que assolavam a humanidade, que são os mesmos dos dias de hoje: A brutalidade das guerras, a opressão das classes menos favorecidas, a crise religiosa e a adulteração da Aliança. Ele precisava do auxílio de Deus Pai, e sabia exatamente onde encontra-lo: no deserto.

Quando alguém se prepara para defender uma tese de mestrado, não associamos a vida dessa pessoa ao "deserto"; dizemos que está capacitando-se, que tem uma oportunidade. Mas o que Jesus foi fazer no deserto se não capacitar-se?

Nossa consciência coletiva encara o deserto com desprezo, como lugar de punição. No entanto, Jesus foi para o deserto e, além de capacitar-se, não há indício algum de punição. Dificuldade não é sinônimo de sofrimento, tampouco de punição. Todo preparo passa por dificuldade. Oscar Schmidt, conhecido como "mão santa", detestava ser chamado assim. Ele retrucava dizendo "minhas cestas não são um milagre. Você sabe o quanto eu tive que treinar para acertar todas elas?" O preparo de Oscar gerava "sofrimento", ele precisava esforçar-se além do ordinário. Quando todos os outros jogadores estavam em casa, ele ainda estava arremessando bolas.

Porém, nem tudo na nossa vida tem esse caráter objetivo. Se sempre que estivéssemos sofrendo fosse como Oscar ao treinar sozinho, sabendo do resultado a ser colhido na próxima partida, nunca nos sentiríamos infelizes. O problema é quando o sofrimento está associado a injustiça no trabalho, a problemas de relacionamento em casa, a períodos de dificuldades financeiras. Esse tipo de situação é complexa e não se resume a um único ponto, em que possamos dizer "é isso" ou "é aquilo". O jogo de logo mais em que os frutos serão colhidos não é tão perceptível assim. Então, nesses casos não temos o costume de pensar em preparo; mas tão somente em dor. 

Contudo, toda aparente dificuldade em nossas vidas, nada mais é que Deus nos dando um empurrãozinho para o deserto, para que percebamos que podemos encontra-lo. Não encontra-lo por encontrar, mas para que sejamos treinados por Ele, para nos sairmos melhor diante deste desafio que nos levou para o deserto, e de outros ainda por vir. No deserto, se por um lado estão elementos de dor; se girarmos o prisma, veremos que estamos no deserto! Estamos no local de silêncio e solidão, onde mais fácil podemos encontrar Deus. Onde podemos ser capacitados por Deus para enfrentarmos os desafios da vida.

Devemos agradecer a Deus toda vez que estamos no deserto, porque temos uma oportunidade de sermos capacitados e nos aperfeiçoarmos como seres humanos e, acima de tudo, como cristãos.

domingo, 13 de setembro de 2015

O Ofício de Jesus


A média de alfabetização nas províncias romanas era de 10%. Alguns estudiosos entendem que, na palestina, onde situava-se Nazaré (vilarejo onde Jesus cresceu), a taxa era ainda menor, próxima dos 3%. As pessoas de lugares pobres como este não tinham meios de alfabetização (não haviam escolas nas aldeias), e tampouco haviam livros em suas casas. Somente a aristocracia tinha meios para adquirir certa cultura escrita. Não é possível, portanto, sabermos se Jesus fora instruído além do ofício familiar que recebera de seu pai José.

Na verdade, nas aldeias da Galileia o povo não sentia necessidade de ler e escrever. Nestes povoados de cultura oral, as pessoas tinham uma grande capacidade de reter na memória cantos, orações e tradições populares, que eram transmitidas de pais para filhos. Neste tipo de sociedade pode-se ser sábio sem dominar a leitura nem a escrita. Podemos imaginar que na casa de Jesus, assim como nas outras, não havia livros para ler, tampouco pergaminhos para escrever, e certamente Jesus não frequentou nenhuma escola de escribas nem foi discípulo de nenhum mestre da lei, como Paulo.

Jesus foi um vizinho sábio e inteligente, que ouviu com atenção e guardou na memória orações e salmos. Dessa forma, não precisou recorrer a nenhum livro para medita-lo em seu coração. Sua habilidade para discutir textos das Escrituras e tradições religiosas faz até o mais cético dos homens admitir um talento natural exímio, que compensava o baixo nível de sua formação cultural.

Se tomarmos nossa erudição como parâmetro, não daríamos ouvidos a Jesus e sua mensagem. Certa vez disseram que, para saber se um homem é verdadeiramente erudito, deve-se olhar a quantidade de notas de rodapé em seus livros. Quando vou a livraria, se me deparo com um autor desconhecido, imediatamente procuro suas referências na contra-capa: onde se formou? em que se especializou? até onde foi em sua especialização? Que obras produziu anteriormente? Jesus, no entanto, durante todo seu ministério jamais citou um rabino ou metre da lei, e na própria Escritura, foram poucas as vezes em que as citou de forma literal. Assim, Jesus vivia o que pregava, "falava daquilo que o coração estava cheio" (Mateus 12:34).


O ofício que Jesus aprendeu de seu pai era mais do que um meio de ganhar a vida. A cultura judaica ensinava todas as crianças um ofício, mesmo as mais abastadas que provavelmente jamais iriam utiliza-lo durante a vida. O apóstolo Paulo é um bom exemplo. Mesmo de origem nobre, aprendeu a arte de fabricar tendas na infância.

Sobre o ofício em si, as fontes históricas dizem com clareza que Jesus foi um "artesão". A palavra utilizada nos evangelhos para definir a profissão de Jesus foi o termo grego tectôn. Este termo não pode ser traduzido por carpinteiro, mas sim construtor. Esta palavra designa um artesão que trabalha com diversos materiais, como pedra, madeira e inclusive o ferro. O trabalho de Jesus, de forma alguma correspondia a do carpinteiro de hoje. O construtor trabalhava a madeira, mas também a pedra.

A atividade de um artesão da aldeia abarcava trabalhos diversos. Podemos imaginar os trabalhos que os vizinhos de Jesus solicitavam a ele: consertar telhados feitos de ramos e argila danificados pelas chuvas do inverno, fixar as vigas e pilares de uma casa, construir portas e janelas de madeira, fazer baús, banquinhos, bases de lâmpadas e outros objetos simples.

Em Nazaré não havia trabalho suficiente para um artesão. Por um lado, o mobiliário daquelas humildes casas era muito modesto: recipientes de cerâmica e pedra, cestos, esteiras; o imprescindível para a vida cotidiana. Por outro lado, as famílias mais pobres construíam suas próprias moradias e os camponeses fabricavam e consertavam durante o inverno seus instrumentos agrícolas.

Para encontrar trabalho, tanto José como seu filho, precisavam sair de Nazaré e percorrer os povoados próximos. Portanto, é de se imaginar que Jesus trabalhou na reconstrução de Séforis, a capital da Galileia. Esta grande cidade havia sido totalmente destruída por Roma quando Jesus tinha aproximadamente seis anos de idade. Pouco tempo depois, o novo rei daquela região (Herodes Antipas) iniciou sua reconstrução a todo vapor. A cidade fora totalmente reconstruída em apenas 20 anos! A demanda de mão de obra para as obras na cidade, sobretudo nos templos e palácios, era enorme. Precisava-se principalmente de oleiros e operários da construção. Provavelmente todos os jovens das aldeias vizinhas foram até lá em busca de trabalho. A distância entre Nazaré e Séforis era de aproximadamente quatro quilômetros. Em uma hora de caminhada podia-se percorrer todo o caminho. Portanto, não é difícil imaginar que Jesus tenha trabalhado algumas temporadas nesta cidade.

Com seu modesto trabalho, Jesus era tão pobre como a maioria dos galileus de seu tempo. Não estava no degrau mais baixo da escala social e econômica, pois ainda haviam os escravos e mendigos. Mas Jesus nunca viveu com a segurança de um mero camponês que cultivava a própria terra.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Jesus e o Sábado


Muitos de nós sabemos que um dos mandamentos era guardar o dia de sábado. Mas a verdade é que não temos ideia de como esse "mecanismo" funcionava na sociedade judaica, e tampouco seus motivos e significados. Para uma leitura sadia de qualquer trecho da bíblia, é imprescindível atenção ao contexto histórico dos fatos para, no mínimo, nos ambientarmos a situação narrada e nos situarmos.

O Shabbat, como é chamado em seu idioma de origem (hebraico), era o dia em que as cidades judias se transformavam. Ninguém madrugava. Os homens não saíam para o campo e as mulheres não assavam o pão. O sábado era um dia de descanso para a família inteira. A verdade é que, em aldeias de camponeses pobres que nada faziam além de subsistir, todos o aguardavam com alegria. Para aquelas pessoas era uma verdadeira festa que transcorria em torno ao lar e tinha seu momento mais prazeroso na refeição familiar, que sempre era melhor e mais abundante do que durante o resto da semana.

Os povos pagãos, que desconheciam o descanso semanal, ficavam surpresos com esta festa que os judeus observavam como sinal de sua eleição. Profanar o sábado era desprezar a eleição e a aliança.

O descanso absoluto de todos, o encontro tranquilo com familiares e vizinhos e a reunião na sinagoga permitiam a todo o povo viver uma experiência renovadora. O sábado era um dia de descanso total. Não só se deixava o trabalho, evitava-se, além disso, todo esforço (não se podia transportar cargas e só se podia andar pouco mais de um quilômetro). O sábado era vivido como uma "pausa para respirar" querida por Deus, pois ele próprio, depois de criar os céus e a terra, "descansou e parou para respirar no sétimo dia".

Sem precisar seguir o penoso ritmo de trabalho diário, nesse dia os judeus sentiam-se mais livres e podiam lembrar que Deus os havia tirado da escravidão para desfrutarem uma terra própria. As pessoas do campo (como a Nazaré de Jesus) certamente não estavam a par das discussões que os escribas mantinham a respeito dos trabalhos proibidos no sábado, tampouco sabiam do rigorismo com que os essênios observam o descanso semanal. Talvez sequer soubessem da existência de partidos como os essênios e os saduceus. Para essas pessoas, o sábado era uma "benção de Deus". Tão somente um pouco de alívio em meio a uma vida sofrida. Jesus sabia disso muito bem. Quando lhe criticaram a liberdade com que curava os enfermos no sábado, defendeu-se com uma frase lapidar: "O sábado foi feito por amor ao homem e não o homem por amor ao sábado (Marcos 2:27). Que dia melhor que o sábado para libertar as pessoas de seus acharques e enfermidades?

As Festas Populares no Tempo de Jesus


Grupos cristãos, das mais diversas vertentes e denominações geralmente estão familiarizados com a existência de festas judaicas nos tempos antigos, mas costumam ser alheios a seus motivos e significados. Pensando nisso, elaborei um resumo com as principais festas judaicas celebradas no tempo de Jesus, para apreciação do leitor.

É importante termos em mente que as festas eram estimadas por todos, e sempre muito aguardadas. A vida na palestina naquela época não era fácil, especialmente em zonas rurais como a Nazaré em que Jesus viveu. A labuta diária do povo era, literalmente, pela sobrevivência (isso é mais tarde explorado por Jesus na oração do Pai Nosso "dai-nos o pão de cada dia"). Quando se aproximava uma festividade, era motivo de grande alegria.

As bodas, ou o casamento, eram uma das festas mais aguardadas pelo clã familiar. Obviamente não havia data em que pessoas necessariamente deveriam casar, mas quando isso acontecia, havia grande júbilo. Alguns exegetas defendem que esta era "a melhor de todas as festas" e, cá entre nós, não é difícil imaginar o porque: As grandes festas eram realizadas no templo de Jerusalém, e nem todos tinham condições financeiras para a peregrinação e oferendas; em contrapartida, o casamento - que era uma festa longa e que durava muitos dias - era realizado no patio interno* das casas onde familiares e amigos acompanhavam os noivos comendo e bebendo com eles, dançando danças de casamento e entoando canções de amor.

*as casas costumavam ter apenas um cômodo onde todos dormiam - inclusive os animais - e sua entrada era através de uma área comum compartilhada com outras duas ou três residências. Semelhante ao que conhecemos hoje por vila. Neste pátio homens e mulheres partilhavam ferramentas para o campo e muitas outras atividades e materiais que possibilitavam reduzir o custo de vida.

Das demais festas religiosas, não há evidências arqueológicas concretas a respeito de como eram celebradas por aqueles que não podiam fazer a romaria à Jerusalém. O outono era um tempo especialmente festivo. Em setembro celebrava-se a Rosh ha-shaná (festa do ano novo). Dez dias mais tarde, era comemorado o Yom Kippur (dia da expiação), uma celebração que transcorria principalmente no interior do templo, onde se ofereciam sacrifícios especiais pelo perdão dos pecados do povo. Seis dias mais tarde celebrava-se uma festa muito mais alegre e popular, chamada Sukkot (festa das tendas). Esta festa tinha duração de sete dias. Especula-se que, originalmente, esta era uma festa de vindima que se celebrava no campo, em pequenas choupanas instaladas entre os vinhedos. Durante a festa, esperada ansiosamente pelas crianças, as famílias viviam fora de casa em cabanas, que lhes recordavam as tendas do deserto onde seus antepassados haviam habitado quando Deus os tirou do Egito, através da liderança de Moisés.

Na primavera celebrava-se a Pesach (grande festa da Páscoa), que atraía milhares de peregrinos judeus procedentes do mundo inteiro. Na véspera do primeiro dia, o cordeiro pascal era degolado e, ao anoitecer, cada família se reunia para celebrar uma comovente ceia que comemorava a libertação do povo israelita (judeu) da escravidão no Egito. A festa durava sete dias, e tinha um astral especialmente alegre, que gerava sentimento de orgulho por pertencer ao povo eleito, e também esperança de recuperar a liberdade perdida sob o jugo do imperador romano. Finalmente, cinquenta dias depois, já próximo do verão, celebrava-se a festa de pentecostes, ou festa da colheita que, no tempo de Jesus, estava associada à recordação da Aliança e do recebimento da lei no Sinai.