A caverna. Escura, fria, abafada, úmida demais... um péssimo lugar
para se viver. Porém, para os que dela nunca saíram e só a ela conhecem,
simplesmente ‘lar, doce lar’.
Este é o conhecimento de senso comum: estreito,
limitado, porém seguro de si mesmo; certo de si mesmo. Assim é a caverna: o
pequeno campo do senso comum, onde o não saber é, na verdade, o imutável saber,
e reina soberano sobre seus cativos escravos. As sombras, projeções toscas e
simples do real, são tudo o que se conhece dentro da caverna. Por este motivo,
os cativos supõem que sejam os próprios objetos; a própria verdade. As correntes que aprisionam a
maioria dos homens dentro da caverna devem (ou, pelo menos, deveriam) ser
rompidas. Se assim acontecesse, embora resistente num primeiro momento, o homem
que rompeu as correntes (ou teve suas correntes rompidas) descobrirá a luz do
Sol e compreenderá que o Sol é a causa de tudo o que vê ao redor; causa da luz,
da visão e dos objetos da visão. Deste modo, passaria do estágio cognitivo do
pensamento para o da compreensão.
O objetivo da educação, para os que estão
fora da caverna, é, uma vez resgatado um prisioneiro, arrastá-lo para o mais
longe possível da caverna; não para inserir gota a gota o conhecimento em sua
alma, mas para voltar toda a sua alma para o Sol, que é a Forma do Bem. Uma vez
fora da caverna, o prisioneiro fica relutante para descer de novo para a
caverna e se envolver nas coisas humanas. Ele amaldiçoa aquele lugar. Sente
sorte por seu destino e desprezo pela (falta de) sorte dos que ficaram. Sua
visão não está mais acostumada ao escuro e ele pareceria ridículo àqueles que
outrora foram seus semelhantes. Assim acontece. Ao voltar à caverna, os cativos
dizem a ele que sair para o exterior de nada vale e lá fora nada se aprende,
pelo contrário, os homens retornam enxergando menos. No entanto, aquele que já
contemplara o Sol, após se acostumar novamente com as trevas, sabendo a origem
e o ser verdadeiro das sombras, logo se movimentaria, mesmo ali no mundo subterrâneo,
melhor e de maneira mais hábil que os outros cativos e, caso tivesse paciência
e perseverança, poderia demonstrar a sua sabedoria aos prisioneiros. Assim é a
vida do filósofo. Assim é a vida do cristão.
"Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo escolhido de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz." 1Pedro 2:9
Leia novamente o texto, desta vez substituindo as seguintes palavras:
→ Caverna por Mundo
→ Senso Comum por não Cristão
→ Correntes por Pecado
→ Sol por Deus