"Presume conhecer a verdade e não está disposto a aprender; constitui soberba e arrogância tomar para si as prerrogativas divinas da infalibilidade e da inerrância; ele odeia toda verdade que não lhe seja familiar e a persegue até as últimas consequências"
Esta é a definição de "ortodoxismo" de Charles Augustus Briggs, grande teólogo do séc. XIX.
Infelizmente, apesar da cultura pós-moderna nos incentivar a buscar novidades e inovações, teólogos e pastores contemporâneos abraçam dogmas e doutrinas ultrapassados, se prendendo ao velho e rejeitando o novo. Esta postura, apesar de compreensível, é extremamente contraproducente. Enquanto perdem tempo debatendo e tentando convencer pessoas que determinada maneira de celebrar a ceia não é permitida, mendigos passam fome nas ruas.
É impossível saber tudo sobre Deus ou o universo, caso contrário, Deus não seria Deus e o universo mais finito que nossa ínfima existência. Logo, qualquer doutrina que alega ter todas as respostas, já fracassou ao ignorar o seu fracasso. Ora, se não sabemos tudo, então há espaço para novidades. Isso sem mencionar o fato de o próprio Deus se comunicar com pessoas e povos, ao longo da história, dentro dos limites de entendimento cognitivo, científico e cultural de cada época. Portanto, querer levar o texto bíblico ao pé da letra é, na melhor das hipóteses, anti-bíblico. Imagine se nossos casamentos fossem arranjados por pais de adolescentes como na época de Cristo? Jesus não se opôs a isto, mas ele sabia que fazia parte daquele tempo e daquela cultura. Hoje é incabível em nossa cultura, mas pela ótica literalista, talvez devesse ser a regra.
Quando a igreja foi confrontada com a verdade de que a terra não é o centro do universo o sol não gira em torno dela, e sim o oposto, bispos e sacerdotes se apressaram em desmentir Galileu, na esperança de "proteger" ou "defender" a sabedoria de Deus e da bíblia. Mas Jesus não pediu advogados, pediu?
Aceitar uma nova ótica sobre uma realidade da vida cristã não significa que Deus, a bíblia ou a igreja estavam errados, mas sim que houve muitas verdades em diversas localidades e épocas diferentes, e hoje há uma nova verdade. Maior prova disso é ver o Deus dos Exércitos de Josué, Davi e outros e saber que Deus não se manifesta mais desta forma porquê, se o fizesse nos dias atuais, no mínimo, teria um sentido oposto ao pretendido por Ele e que de fato foi atingido naquela época.
Não tenhamos medo de mudar, não tenhamos medo do novo. Deus está no velho, mas também está no novo.